Bispo de Lábrea prega retiro a padres diocesanos

Dom Santiago falou sobre sinodalidade e projeto apostólico

  “Caminhar juntos na audácia do Espírito; sinodalidade e projeto apostólico nos Atos dos Apóstolos’. Esse foi o tema que reuniu os padres da Diocese de Ponta Grossa em seu retiro anual, ocorrido dos dias 25 a 28 deste mês. Foram vários momentos de reflexão embasados no ‘escutar’, ‘discernir’, ‘compartilhar’, o ‘enviar’, considerados os ‘verbos sinodais’. A condução ficou por conta do bispo da Prelazia de Lábrea (AM), Dom Santiago Sànchez Sebastian, que, pela primeira vez, pregou para um clero diocesano. Os dias de retiro se encerraram com missa às 11 horas, ontem, celebrada por Dom Santiago e concelebrada por Dom Sergio Arthur Braschi.

     “Foi uma experiência muito positiva. Me senti irmão entre irmãos. Falo para freis, religiosos, seminaristas, mas para o clero é a primeira vez. Um ambiente muito fraterno. A impressão que tenho é que se trata de um clero unido, motivado em sua caminhada. Me senti em casa”, avaliou Dom Santiago, contando que o fio condutor de sua palestra foi o livro do Atos dos Apóstolos. “Encaixei o tema fundamental, ‘sinodalidade’, e o tema complementar, a missão, como que preparando o quinto congresso missionário, que vai acontecer, e englobando tudo: igrejas-irmãs. A Prelazia de Lábrea, missionária, e Ponta Grossa, diocesana, que tem a tradição de colaborar com a missão na África e tanto tem feito pela Prelazia. Vi uma mente missionária. Busquei encaixar tudo isso dentro da sinodalidade, mentalizar que somos Igreja, que caminhamos juntos e espiritualizar esse tema, primeiro cada um, cada sacerdote, que participou, para levar, depois, a seus ministérios, às suas paróquias, e levar a vivenciar essa realidade dentro da Igreja”, afirmou o bispo prelado.

     Dom Santiago explicou que foram aprofundadas passagens do Ato dos Apóstolos relacionadas a cada um dos verbos sinodais. “Primeiro verbo, ‘escutar’, o qual o Papa (Francisco) insiste muito, teve como fundo o texto sobre a eleição dos diáconos: como os apóstolos escutam o que o povo precisa para procurar uma solução. O segundo verbo era ‘dialogar’ e a passagem do primeiro Concílio de Jerusalém, quando se reúnem todos os apóstolos com os missionários para dialogar, listar os desafios da Igreja frente a temas como a circuncisão e outros questionamentos aos primeiros cristãos. No verbo ‘discernir’, me utilizei do texto São Pedro, que recebe o chamado para atender o centurião Cornélio, atentando para a necessidade de ver o que Deus está nos falando. O ‘partilhar’ trabalhou o texto sobre como vivia a primeira comunidade, dividindo tudo o que tinha em comum. O quinto verbo, ‘caminhar’, a importância de caminhar juntos e o texto do diácono Felipe, quando batiza o eunuco: abrindo caminho, como é a missão. E o último verbo, ‘enviar’, quando Jesus os envia até os confins do mundo”, detalhou o bispo.

     Para o padre José Nilson Santos, que foi missionário na Amazônia, por seis anos, o retiro foi extremamente importante. “Dentro da realidade que estamos vivendo, nesse processo sinodal, de preparação, de vivência do Sínodo, Dom Santiago abordou para nós essa realidade da Igreja Missionária, que, como padres, antes de tudo, nós somos cristãos, sacerdotes, e que devemos também ser expressão dessa Igreja a caminho, levando o Povo de Deus nesse caminho de comunhão, de missão, de participação. Ele (Dom Santiago) renovou dentro de nós essa alegria missionária, que todos nós trazemos como batizados. Todos somos Igreja e Igreja Missionária por excelência, por essência, no ser, e, Igreja Missionaria essa que ouve, se aproxima, dialoga, compartilha e, ao mesmo tempo, que se alegra com a presença de Cristo, que é a razão maior da nossa vida. Dom Santiago veio trazer para nós um novo ardor, uma nova alegria de continuar caminhando, testemunhando a nossa fé”, elogiou.

     O vigário geral da Diocese, padre Jaime Rossa, também destacou a pregação. “Muita proveitosa, muito rica. Pudemos conhecer um pouco mais da realidade expressa pelo termo sinodalidade. Valeu à pena no sentido que Dom Santiago desenvolveu alguns aspectos baseados em alguns verbos fundamentais e pudemos nos aprofundar nessa realidade tão importante e que é a base de toda a nossa vivência, de toda a nossa Igreja, enquanto comunidade. Está dentro do próprio contexto da assembleia do Sínodo em Roma. Nos ajudou não somente a refletir, mas a rezar em cima disso, aprofundando aspectos que, talvez, se não tivéssemos essa oportunidade, não teriam sido tão aprofundados. Agradeço! ”, ressaltou padre Jaime.

     O bispo Dom Sergio louvou igualmente a oportunidade. “Gratidão imensa a Deus! O retiro anual do clero é sempre uma ocasião de renovação, de ardor, especialmente, este ano, tendo aqui o bispo prelado da nossa Igreja-Irmã de Lábrea, que nos conduziu através de uma reflexão da sinodalidade da Igreja. Estamos a poucos dias do início do Sínodo, em Roma, então, motivo de grande proveito para nós aprofundarmos a questão da comunhão, da participação e da missão. O aspecto da missão, que está presente no Sínodo, que será realizado agora e ano que vem, e, também na própria pessoa de Dom Santiago, que é um missionário agostiniano recoleto, há muitos anos na Amazônia, bispo de nossa igreja-irmã de Lábrea. Que Deus abençoe e que todos possam ter proveito desse retiro! ”.