Caravana de Reis volta às ruas de Castro
Música e oração iniciaram pela Terra Nova
10.01.2023 - 15:15:32

Há dois anos sem acontecer, a
tradicional Caravana dos Reis Magos, em Castro, voltou a ser realizada em 2023.
Completando 110 anos, as visitas começaram pela Colônia Terra Nova, onde Reis,
cantores e músicos foram recepcionados na Capela Santa Terezinha. Muita gente
da comunidade acompanhou a apresentação, que contou com a participação das crianças
do Coral Infantil da capela, que cantaram também em alemão. Um presépio
vivo formado por moradores da colônia esteve no altar, ao lado dos magos.
“Em janeiro de 2020 estávamos aqui, com o mesmo casal representando José
e Maria, e, o primeiro filho deles, que era Jesus. Dois meses depois, não podíamos
mais nos encontrar, nem nos abraçar. A proximidade ficou perigosa. Houve uma ausência
de dos anos da caravana. Hoje, estamos felizes de receber de volta todos vocês.
É o mesmo casal, com a segunda criança deles. A vida se renova, a esperança se
refaz. A caravana é uma tradição de 20 anos na igreja. Todo o ano é convidado
um casal com uma criança pequena para representar a Sagrada Família e a
caravana canta, rezamos...O pessoal da colônia canta, inclusive em alemão e,
depois, acontece uma confraternização, onde cada um traz alguma coisa. É uma alegria
dupla poder continuar essa tradição”, comentava a moradora Clara Moers,
representante da comunidade.
A funcionária da Casa da Cultura, Nilcéia Maria Zens, que coordena hoje
o grupo e agenda visitação, agradeceu a Deus pela vida, saúde e discernimento
para que pudessem serem ajudadas e acolhidas as famílias que perderam entes
queridos com a pandemia. “E foram diversas famílias, infelizmente. Mas, sabemos
que a morte é uma passagem. Fica tristeza, a saudade, mas Deus ampara. Por dois
anos não pudemos fazer a caravana, mas continuamos em oração. Fico feliz por
todo o ano Deus mandar um bebezinho lindo para ser o nosso Jesus. Vamos abrir o
coração para Deus e fechar para a tristeza. Que Deus venha em forma de luz proteger
a nós e a nossa família”, rogou, pedindo a todos que rezassem um ‘Pai Nosso’
Muitas casas e igrejas foram visitadas nos dias 5 e 6. Na Colônia Terra
Nova, a caravana esteve na Capela Santa Terezinha, às 19h30 de quinta-feira. Músicos e cantores se juntaram às crianças do coral infantil, que
cantaram em português e em alemão. Ainda na quinta-feira, três casas -
duas na região central e uma no distrito de Vila Rio Branco - receberam a
visita da comitiva dos Reis Magos. Na sexta-feira, as visitas iniciaram
com uma Adoração ao Santíssimo conduzida pelo diácono Ricardo Aparecido dos
Santos, na matriz de Santana. Em seguida, a caravana seguiu para a
Capela de Santa Rita, no Tronco. Outras três casas, previamente agendadas, receberam
a apresentação, no entorno do anel central de Castro.
História
A Caravana dos Reis Magos teve início em Castro por volta de
1913, com apenas 12 homens, comandados por Deolindo Correia. A partir de 1934
quem passou a organizar foi Arlindo Correa das Neves, cargo que ocupou durante
57 anos. Em 1991, as mulheres, apesar da resistência de alguns componentes, passaram
a integrar a Caravana. No ano de 1992, já bastante debilitado, Neves solicitou
que Ronie Cardoso Filho assumisse a responsabilidade pela caravana, para não
deixar a tradição acabar.
Mais tarde, a organização passou para a Prefeitura e algumas mudanças
acabaram sendo feitas. A apresentação da caravana passou a ser feita em dois
dias, 5 e 6 de janeiro, com início às 18 horas e término por volta das 3 horas
da manhã. O nome foi alterado de ‘Folia’ para ‘Caravana de Reis’, sendo
proibido o consumo de bebidas alcoólicas durante as visitas. O coral,
vestimentas e transporte dos integrantes estão a cargo do Município. Ao todo sete
residências e três igrejas são visitadas. A casa que recebe a visita há mais
tempo é a de Augustinho Bongestab.
A caravana é composta por três Reis, que são representados por Marcos
Renê Marques (há 42 anos como Baltazar), Jauri Matoski (Melchior há 50 anos) e
Jamil Prestes Santos, que representa Gaspar há 20 anos. Melchior seria o representante
da raça branca (européia) e descenderia de Jafé; Gaspar representaria a raça
amarela (asiática) e seria descendente de Sem; por fim, Baltazar representaria
todos os da raça negra (africana) e descenderia de Cam. Os Reis Magos foram
personagens que vieram do Oriente, guiados por uma estrela, para adorar o Deus
Menino, em Belém.
Ao chegarem ao seu destino, os Reis Magos deram como presentes ao Menino
Jesus: ouro (oferecido por Melchior), que lembra a Sua Nobreza; incenso (Gaspar),
em referência à Divindade de Jesus e mirra, entregue por Baltazar. A mirra é
uma erva amarga e simboliza o sofrimento que Cristo enfrentaria na Terra, enquanto
salvador da Humanidade, também simboliza Jesus enquanto homem. A adoração dos
Reis Magos ao Menino Jesus simboliza a homenagem de todos os homens da Terra ao
Rei dos Reis, mesmo os representantes dos tronos, senhores da Terra, curvam-se
perante Cristo, reconhecendo assim a sua divina Realeza.