Celebração e jantar reúne migrantes
Ação lembrou a Jornada Mundial dos Pobres
20.11.2019 - 13:56:09

???A esperança dos pobres jamais se frustrará???. O Papa Francisco resumiu nesta frase sua preocupação com os desvalidos do mundo, a ponto de instituir, há três anos, no término do Ano da Misericórdia, a Jornada Mundial dos Pobres, que acontece anualmente no penúltimo domingo do ano litúrgico. Este ano, a Cáritas Diocesana em parceria com a Ação Evangelizadora e a Paróquia Santa Teresinha organizaram uma celebração, presidida pelo bispo dom Sergio Arthur Braschi, seguida de um jantar voltados para migrantes e refugiados que moram em Ponta Grossa. A ação aconteceu nesta segunda-feira (18) e reuniu 35 famílias.
Dom Sergio lembrou que é a terceira vez que ocorre a jornada. ???Para que a Igreja desperte para essa missão que ela tem desde o início, desde os tempos apostólicos, de cuidar das pessoas que tem maior necessidade, e, a partilha, que é tão característica do cristão. Uma ótima iniciativa através da Cáritas e da Ação Evangelizadora???, enalteceu o bispo. Dom Sergio agradeceu a disponibilidade de padre Joel Nalepa de colocar sua paróquia à frente da ação, oferecendo o jantar aos migrantes haitianos e venezuelanos que vivem na cidade. ???Representando toda a diocese queremos manifestar essa nossa adesão ao pedido do Santo Padre para que este dia, que, por enquanto não tem tanta tradição no costume da população, vá se tornando cada vez mais um hábito, para celebrarmos e lembrarmos do que disse Jesus: ???tudo que fizerdes ao menor dos meus irmãos é a mim que estais fazendo???.
Yurbelys Verlina é venezuelana e está no Brasil há quase um ano. Os pais e o irmão já moravam em Ponta Grossa quando resolveu vir. Casada, tem três filhos e só se convenceu pela mudança quando o irmão contou que a cidade era muito boa para criar os filhos. ???Mas, não queria vir. A língua é muito complicada. Pensava que não conseguiria falar perfeitamente, que meus filhos não compreenderiam. Mas, pensei melhor e vi que seria melhor para eles???, confidenciou. A jovem senhora contou que tinha emprego na Venezuela, mas que o que ganhava não dava para fazer mercado. ???O mês todo trabalhando e o dinheiro dava para comprar uma coisa ou outra. Remédio para os filhos nem pensar. Esqueci de roupa, calçado...o primordial era comida???, detalhou.
A venezuelana alugou um salão de beleza, onde é designer de sobrancelha, de cílios e faz maquiagem. O marido é marceneiro. ???Não conheci ninguém que tenha me maltratado ou falado algo. Todos são muito cordiais e gentios. A Cáritas ajuda muito o estrangeiro, fazem um ótimo trabalho. A ação de hoje é muito interessante porque a gente vê que não está sozinho; é bom compartilhar com os que passaram pela mesma situação que você, se sentir acolhida???, enalteceu. Padre Joel Nalepa, pároco da Santa Teresinha e coordenador diocesano da Ação Evangelizadora, ressaltou que o paroquianos sentiram necessidade de fazer algo diferente, além das orações, mensagens e reflexão, lembrando tema. ???Ano passado, distribuímos alimentos aos moradores de rua. Este ano, resolvemos convidar algum grupo, que viesse até a paróquia. Como a Cáritas faz este trabalho de acolhimento ao migrante e é uma faixa que merece atenção e ajuda, decidimos chamar para a celebração e para o jantar???.
O presidente da Cáritas Diocesana, diácono Gilson Camilo da Silva, informou que a entidade acompanha cerca de 70 famílias de migrantes. ???Que não têm dificuldades só na língua, cultural, mas vivem a carência financeira. Pobres que não são vistos na cidade, ficam escondidos, não se percebe suas presenças. A Cáritas acompanha de perto a documentação, ajuda na tradução dos documentos, alguns em francês, no caso dos haitianos, ou espanhol, entre os venezuelanos. Eles têm dificuldade e nós ajudamos na integração???, explicou. A Cáritas também intermedia a colocação dos migrantes no mercado de trabalho, auxiliando com a despesa do aluguel até conseguirem emprego. ????? pouco o que temos feito, podemos fazer muito mais???, acrescentou.
O diácono citou uma experiência que vivenciou, há 15 dias, em Minas Gerais, onde em uma cidade de cinco mil habitantes, o Conselho Pastoral da Comunidade se organizou, alugou uma casa, mobiliou e estava aguardando a chegada de uma família de venezuelanos. ???A comunidade resolveu acolher a família. Pensei que essa ideia poderia ser aplicada aqui na diocese. Se cada paróquia acolhesse uma família de migrantes, não só no sentido financeiro, mas de acolhimento realmente: ajudar com a língua, acolher os filhos... Aqui, tudo ainda é muto acanhado, mas estamos felizes por poder fazer esse jantar???, dizia.