Condae aborda Sínodo e centenário da Diocese
Reunião de sábado foi a última do ano
06.11.2023 - 21:39:06

Integrantes e coordenação do Conselho Diocesano da Ação Evangelizadora
(Condae), na presença do bispo Dom Sergio Arthur Braschi, fizeram no último
sábado (4), a reunião de encerramento de 2023. Na pauta, o detalhamento sobre
as comissões especiais Pró Vida/contra o aborto, a carta da 16ª Assembleia
Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos ao Povo de Deus, o gesto concreto da
Novena de Natal 2023, o centenário da Diocese, os encontros diocesanos dos
Ministros Extraordinários da Comunhão e da Esperança – dia 12 deste mês, em
Telêmaco Borba - e do Terço dos Homens – ocorrido domingo (5) - o encerramento
na Diocese de Ponta Grossa do Ano Vocacional, além das avaliações da Romaria da
Terra, da Assembleia do Povo de Deus e da Assembleia Diocesana de Avaliação.
A carta a 16ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos ao Povo de Deus
foi apresentada e lida. Publicada no último dia 25, a carta marcou o fim dos
trabalhos da primeira sessão da Assembleia, dando graças a Deus pela bela e
rica experiência que tiveram os bispos. “Vivemos este tempo abençoado em
profunda comunhão com todos vós. Fomos sustentados pelas vossas orações,
trazendo conosco as vossas expectativas, os vossos questionamentos, e também os
vossos receios. Já passaram dois anos desde que, a pedido do Papa Francisco,
iniciámos um longo processo de escuta e discernimento, aberto a todo o povo de
Deus, sem excluir ninguém, para ‘caminhar juntos’, sob a guia do Espírito
Santo, discípulos missionários no seguimento de Jesus Cristo”, ressalta o texto
(pode ser conferido na íntegra abaixo).
Sobre a Assembleia povo de Deus, realizada em
setembro, em Londrina, padre Joel Nalepa, coordenador diocesano da Ação
Evangelizadora, comentou a respeito da dinâmica empregada e da presença da
Diocese de Ponta Grossa, que esteve representada por ele, o bispo Dom
Sergio, a coordenadora da Pastoral de Animação Bíblico-Catequética, Flávia Carla
Nascimento; Marco Aurélio Dias, coordenador dos Ministros Extraordinários da
Sagrada Eucaristia; irmã Romilda Martins do Nascimento, integrante da Comissão
da Coordenação do Sínodo, e padre Kleber Pacheco, também assessor do Setor
Juventude do Regional Sul 2.
Padre Joel considerou bonita e interessante a caminhada da Diocese apontada na
Assembleia Diocesana de Avaliação. “Se não tivemos novidade no sentido de
‘coisas novas’, mas o jeito novo de fazer, a sinodalidade desperta em nós. De
uma escuta melhor, de discernimento melhor, de uma capacidade de caminharmos
juntos que deve ser sempre mais amadurecida. Esses pontos merecem destaque.
Espero que essa caminhada continue, já que temos, agora, o caminhar para o
centenário da Diocese, que é um compromisso de todos nós. Comunhão,
participação, deve ser um compromisso assumido e vivido todos os dias por nós.
Não apenas palavras decoradas, mas o nosso jeito de ser Igreja e esse jeito de
ser Igreja que nos compromete, nos une, nos anima e fortalece a vida e a
missão. Este ano foi muito profundo, muito rico e espero que esse amadurecimento
nos torne cada vez melhores como Povo de Deus”, avaliou o coordenador da Ação
Evangelizadora.
Em seguida, o padre detalhou o ‘itinerário a caminho dos 100 anos da Diocese’,
uma série de atividades e eventos pensados para os festejos do centenário,
lembrado em maio de 2026. Uma comissão – composta por Dom Sergio, Flávia
Nascimento, irmã Romilda e os padres Joel, Athanagildo Vaz Neto, Rodrigo Ribas,
Jaime Rossa, Hélio Guimarães, Claudemir Nascimento e Ademir da Guia Santos -
que se desdobra em outras comissões, programa o lançamento do segundo volume de
um livro com a história da Diocese/a partir de 1976, a realização de um
concurso para a escolha do slogan do jubileu, a criação do hino e do logotipo
do centenário, além dos enfoques celebrativos e pastorais, com orações pelo
aniversário, a formação de grupos de reflexão e a instituição de 2024 como Ano
Paroquial.
“No próximo dia 26, às 15 horas, na Catedral Sant’Ana, vai acontecer uma
celebração para concluirmos aqui na Diocese o Ano Vocacional e, na mesma
celebração, vão ser lançadas as comemorações do centenário da Diocese para o
qual caminhamos, em 10 de maio de 2026. Faço um convite a todos os integrantes
da Pastoral Vocacional, do SAV (Serviço de Animação Vocacional),
coroinhas, padres, diáconos, lideranças e famílias ligadas ao campo vocacional
e a todo o povo”, adiantou Dom Sergio, agradecendo a presença de todos. “Uma
reunião muito importante por ser grande sinal de sinodalidade, caminhar juntos.
Essa é, como muitas vezes temos lembrado, a finalidade das reuniões do Condae:
fazer com que caminhemos juntos, nalgumas grandes atividades da Diocese, para
que tenhamos a participação de movimentos, pastorais, organismo, associações e
serviços”, destacou.
Reforçada a importância da adesão de todos quanto ao gesto concreto da Novena
de Natal 2023, que terá como foco o Projeto Igrejas-irmãs e será em prol da
missão da Paróquia São João Batista, de Canutama (AM). O material enviado pela
Prelazia de Lábrea já foi encaminhado às paróquias. São folders falando da
missão, explicando as necessidades da região e que pedem a doação, no último
dia da novena, de qualquer valor. 50% do total arrecadado será enviado para a
sede da Paróquia São João Batista e outros 50% para a Área Missionária Nossa
Senhora Aparecida, no KM 70, mantida pela paróquia e onde estão o padre Sílvio
Mocelim e o diácono Metódio Retexim e sua esposa, Vera. A administração da
Paróquia São João Batista foi assumida pela Diocese em 2020. Os padres Osvaldo
Pinheiro e Fábio Sejanoski estão à frente dessa missão.
Carta ao Povo de
Deus
“Queridas irmãs e
irmãos,
Ao chegar ao fim
dos trabalhos da primeira sessão da XVIa Assembleia Geral Ordinária do Sínodo
dos Bispos, queremos, com todos vós, dar graças a Deus pela bela e rica
experiência que tivemos. Vivemos este tempo abençoado em profunda comunhão com
todos vós. Fomos sustentados pelas vossas orações, trazendo conosco as vossas
expectativas, os vossos questionamentos, e também os vossos receios. Já
passaram dois anos desde que, a pedido do Papa Francisco, iniciámos um longo
processo de escuta e discernimento, aberto a todo o povo de Deus, sem excluir
ninguém, para "caminhar juntos", sob a guia do Espírito Santo,
discípulos missionários no seguimento de Jesus Cristo.
A sessão que nos
reuniu em Roma desde 30 de setembro foi um passo importante neste processo. Em
muitos aspectos, foi uma experiência sem precedentes. Pela primeira vez, a
convite do Papa Francisco, homens e mulheres foram convidados, em virtude do
seu batismo, a sentarem-se à mesma mesa para participarem não só nos debates,
mas também nas votações desta Assembleia do Sínodo dos Bispos. Juntos, na
complementaridade das nossas vocações, carismas e ministérios, escutámos
intensamente a Palavra de Deus e a experiência dos outros. Utilizando o método
do diálogo no Espírito, partilhámos humildemente as riquezas e as pobrezas das
nossas comunidades em todos os continentes, procurando discernir aquilo que o
Espírito Santo quer dizer à Igreja hoje. Assim, experimentamos também a
importância de promover intercâmbios mútuos entre a tradição latina e as
tradições do Oriente cristão. A participação de delegados fraternos de outras
Igrejas e Comunidades eclesiais enriqueceu profundamente os nossos debates.
A nossa assembleia
decorreu no contexto de um mundo em crise, cujas feridas e escandalosas
desigualdades ressoaram dolorosamente nos nossos corações e conferiram aos
nossos trabalhos uma gravidade peculiar, tanto mais que alguns de nós provinham
de países onde a guerra deflagra. Rezamos pelas vítimas da violência assassina,
sem esquecer todos aqueles que a miséria e a corrupção atiraram para os
perigosos caminhos da migração. Comprometemo-nos a ser solidários e empenhados
ao lado das mulheres e dos homens que operam em todo lugar do mundo como
artesãos da justiça e da paz.
A convite do Santo
Padre, demos um importante espaço ao silêncio para favorecer entre nós a escuta
respeitosa e o desejo de comunhão no Espírito. Durante a vigília ecuménica de
abertura, experimentamos o quanto a sede de unidade cresce na contemplação
silenciosa de Cristo crucificado. "A cruz é, de facto, a única cátedra
d'Aquele que, dando a sua vida pela salvação do mundo, confiou os seus
discípulos ao Pai, para que 'todos sejam um' (Jo 17,21)". Firmemente
unidos na esperança que a Sua ressurreição nos dá, confiamos-lhe a nossa Casa
comum, onde o clamor da terra e o clamor dos pobres ressoam cada vez com mais
urgência: "Laudate Deum! ", recordou o Papa Francisco logo no início
dos nossos trabalhos.
Dia após dia,
sentimos um apelo premente à conversão pastoral e missionária. Com efeito, a
vocação da Igreja é anunciar o Evangelho não se centrando em si mesma, mas
pondo-se ao serviço do amor infinito com que Deus ama o mundo (cf. Jo 3,16).
Quando lhes perguntaram o que esperam da Igreja por ocasião deste Sínodo,
alguns sem-abrigo que vivem perto da Praça de S. Pedro responderam: "Amor!
". Este amor deve permanecer sempre o coração ardente da Igreja, o amor
trinitário e eucarístico, como recordou o Papa evocando a mensagem de Santa
Teresa do Menino Jesus a 15 de outubro, a meio da nossa assembleia. É a
"confiança" que nos dá a audácia e a liberdade interior que
experimentamos, não hesitando em exprimir livre e humildemente as nossas convergências
e as nossas diferenças, os nossos desejos e as nossas interrogações, livre e
humildemente.
E agora?
Gostaríamos que os meses que nos separam da segunda sessão, em outubro de 2024,
permitam a todos participar concretamente no dinamismo de comunhão missionária
indicado pela palavra "sínodo". Não se trata de uma questão de
ideologia, mas de uma experiência enraizada na Tradição Apostólica. Como o Papa
reiterou no início deste processo, "Comunhão e missão correm o risco de
permanecer termos algo abstrato se não cultivarmos uma práxis eclesial que
exprima a concretude da sinodalidade (...), promovendo o envolvimento real de
todos e de cada um" (9 de outubro de 2021). Os desafios são muitos, as
questões numerosas: o relatório de síntese da primeira sessão esclarecerá os
pontos de acordo alcançados, destacará as questões em aberto e indicará a forma
de prosseguir os trabalhos.
Para progredir no
seu discernimento, a Igreja precisa absolutamente de escutar todos, a começar
pelos mais pobres. Isto exige, de sua parte, um caminho de conversão, que é
também um caminho de louvor: "Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra,
porque escondeste essas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos
pequeninos" (Lc 10,21)! Trata-se de escutar aqueles que não têm direito à
palavra na sociedade ou que se sentem excluídos, mesmo da Igreja. Escutar as
pessoas que são vítimas do racismo em todas as suas formas, especialmente,
nalgumas regiões, os povos indígenas cujas culturas foram desprezadas. Acima de
tudo, a Igreja do nosso tempo tem o dever de escutar, em espírito de conversão,
aqueles que foram vítimas de abusos cometidos por membros do corpo eclesial e
de se empenhar concreta e estruturalmente para que isso não volte a acontecer.
A Igreja precisa de escutar os leigos, mulheres e homens, todos chamados à
santidade em virtude da sua vocação batismal: o testemunho dos catequistas, que
em muitas situações são os primeiros anunciadores do Evangelho; a simplicidade
e a vivacidade das crianças, o entusiasmo dos jovens, as suas interrogações e
as suas chamadas; os sonhos dos idosos, a sua sabedoria e a sua memória.
A Igreja precisa de
colocar-se à escuta das famílias, as suas preocupações educativas, o testemunho
cristão que oferecem no mundo de hoje. Precisa de acolher as vozes daqueles que
desejam se envolver em ministérios leigos ou em órgãos participativos de
discernimento e de tomada de decisões. Para progredir no discernimento sinodal,
a Igreja tem particular necessidade de recolher ainda mais a palavra e a
experiência dos ministros ordenados: os sacerdotes, primeiros colaboradores dos
bispos, cujo ministério sacramental é indispensável à vida de todo o corpo; os
diáconos, que com o seu ministério significam a solicitude de toda a Igreja ao
serviço dos mais vulneráveis. Deve também deixar-se interpelar pela voz
profética da vida consagrada, sentinela vigilante dos apelos do Espírito.
Precisa ainda de estar atenta a todos aqueles que não partilham a sua fé, mas
que procuram a verdade e nos quais o Espírito, que "a todos dá a possibilidade
de se associarem a este mistério pascal por um modo só de Deus conhecido"
(Gaudium et spes 22), também está presente e atua.
‘O mundo em que
vivemos, e que somos chamados a amar e a servir mesmo nas suas contradições,
exige da Igreja o reforço das sinergias em todos os âmbitos da sua missão. É
precisamente o caminho da sinodalidade que Deus espera da Igreja do terceiro
milénio’ (Papa Francisco, 17 de outubro de 2015). Não tenhamos medo de
responder a este apelo. A Virgem Maria, a primeira no caminho, nos acompanha em
nossa peregrinação. Nas alegrias e nas fadigas, ela mostra-nos o seu Filho que
nos convida à confiança. É Ele, Jesus, a nossa única esperança!”