Diocese capacita agentes para a Campanha da Fraternidade
Formação aconteceu ontem e prossegue na noite de hoje, no formato online
03.02.2023 - 19:28:43

Em preparação à Campanha da Fraternidade 2023, que tem como
tema este ano ‘Fraternidade e Fome, Dai-lhes vós mesmos de comer!’, aconteceu na
noite de ontem (2) e prossegue hoje a formação para preparar lideranças
diocesanas, paroquiais e comunitárias a desenvolver a temática da Campanha em
suas realidades concretas por intermédio de uma reflexão fundamentada no
contexto atual e na Palavra de Deus, em vista da ação eclesial
sociotransformadora. A capacitação é
online e pode ser acompanhada, a partir das 19h30, pelo YouTube e Facebook da
Diocese, e Facebook das paróquias Santa Teresinha e São Sebastião e da Rádio
Sant’Ana.
Pelos cálculos
da coordenadora diocesana da Campanha da Fraternidade, Márcia Simões, cerca de
100 pessoas participaram da formação, que foi aberta pelo bispo Dom Sergio
Arthur Braschi. Dom Sergio lembrou que essa já é a terceira vez que a fome é
tema da Campanha da Fraternidade. A primeira foi em 1975. “Trata-se de uma
temática profunda, necessária. A fome é uma tragédia que assola várias partes
do mundo, agravada pela pandemia, pela guerra na Ucrânia. Também o Brasil vive
esse flagelo. Hoje, aproximadamente 35 milhões de pessoas vivem algum tipo de
insegurança alimentar. Nós como cristãos temos que dar uma resposta”, comentou,
citando a passagem bíblica que originou lema da Campanha deste ano, em Mateus,
14. “Depois de ir pregar em um lugar distante, quando os discípulos pediram que
despedisse a multidão, Jesus teve compaixão e disse: ‘Dai-lhes vós mesmos de
comer!’. Isso nos lembra que, mesmo tendo pouco, é preciso saber repartir. E
mais: como Jesus, que mandou recolher as sobras, precisamos trabalhar para
evitar o desperdício de alimentos, que acontece no mundo inteiro e também nas
nossas casas”, orientou.
Dom Sergio também
ressaltou a importância de valorizar o Pão da Eucaristia, o Pão da Palavra,
presente no Evangelho, destacando a necessidade de os cristãos católicos
voltarem à vida em comunidade. “Passado o temor da pandemia, é preciso deixar a
acomodação de lado e voltar para a Igreja, voltar ao convívio nas paróquias.
Convido a todos que participem da formação, que acompanhem, que falem dela em suas
comunidades, que compartilhem a transmissão”, pediu o bispo.
A coordenadora
diocesana, Márcia Simões, enfatizou citando que a Campanha da Fraternidade é o
modo brasileiro de celebrar a Quaresma, que é considerada um tempo favorável
para a conversão, que não pode ser uma atividade individualista, mas, como a
vontade de Deus, deve se manifestar como projeto de vida de um povo. “A fome é
um instinto natural e poderoso de sobrevivência presente em todos os seres
vivos, é um presente do Criador para a preservação da vida. Na sociedade
humana, a fome é uma tragédia, um escândalo, uma negação da própria existência.
A fome é um contratestemunho que não reconhece de forma prática a dignidade
integral das pessoas”, argumentou. Márcia enumerou os tipos de fome enfrentado
pelos seres humanos: fome de justiça - necessita de relações justas que lhe
garantam a sobrevivência - tem fome de cidadania, quer ser respeitado como
cidadão, tendo seus direitos e sua participação garantidos - tem fome de beleza
— contemplar o belo através da arte, da música ou de uma simples paisagem
natural é uma necessidade humana que sacia a fome interior — tem fome de sentido, é racional, precisa
compreender as razões dos acontecimentos da sua própria vida e da história da
humanidade, a fim de direcionar suas ações - e, ainda mais, tem fome de
transcendência, não se contenta, por sua própria natureza incompleta, com as
realidades terrenas, deseja o infinito.
A integrante da
coordenação diocesana, Munira de Oliveira, da Capela Sagrada Família, Paróquia
Senhor Bom Jesus, resgatou historicamente as vezes em que a fome foi tema da
Campanha da Fraternidade. Em 1975, ‘Fraternidade é repartir’ com o lema
‘Repartir o pão’ levou os católicos à reflexão no clima do Ano Eucarístico, que
precedeu o oitavo Congresso Eucarístico de Manaus (AM), com o mesmo tema e que
desejava intensificar a vivência da Eucaristia. A segunda vez foi em 1985,
outro Ano Eucarístico, em preparação para o Congresso Eucarístico de Aparecida
(SP), com o tema ‘Pão para quem tem fome’. “Este ano, novamente, precisamos nos
colocar no lugar do outro, perceber, entender melhor e saber o que fazer para
acabar com a fome no mundo, enquanto Igreja, à luz do Evangelho”, frisou.
Foram explicados
ainda os objetivos da Campanha e as formas – via projetos e patrocínios – de
conhecer a realidade quanto à insegurança alimentar nas comunidades e, assim,
alcançar o estágio prático da Campanha da Fraternidade. Os temas das Campanhas da Fraternidades são
definidos pelos bispos do Brasil sempre dois anos antes da reflexão ganhar as
ruas. A formação prossegue hoje, de forma remota nos endereços: https://www.facebook.com/events/511848327529104/?sfnsn=wiwspmo&mibextid=RUbZ1f
(Facebook da Diocese) e https://youtube.com/live/tvI5MK_-5RE?feature=share
(Youtube da Diocese)
Fome
No primeiro
passo previsto no Texto-Base da CF 2023 – Ver a Realidade – foram apresentados
os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística que dão conta que a
fome assola hoje 33,1 milhões de brasileiros. Entre 2021 e 2022, mais da metade
da população do país vive com algum grau de insegurança alimentar: 28% em
situação de insegurança alimentar leve, 15,2% em insegurança alimentar moderada
e 15,5% em insegurança alimentar grave. Em 46,5% dos lares faltava feijão, 49%
faltava arroz, 39,4% faltava carne, 48,5% vegetais e 45,5% faltam frutas.
Quanto a geopolítica, a fome tem lugar nas periferias urbanas e rurais da
região Norte (25,7%) e Nordeste (21%). Na região Sul, duas em cada dez famílias
passava fome (21,7%).
A fome no Brasil
em cor. É preta. 65% dos lares chefiados por pessoas pretas vivem situação de
insegurança alimentar. 18,1% deles convivem com a fome diariamente. Nas casas
mantidas por brancos essa percentagem é de 46,8%. 10,6% convivem com a fome no
dia a dia. A fome é feminina. A insegurança alimentar é maior nos lares
chefiados por mulheres (65%) e é de 46,8% nas famílias lideradas por homens.