Dom Odair é ordenado bispo em Irati
Presidente da CNBB conduziu a celebração
11.12.2023 - 16:28:29

“Foi um
presente que nós ganhamos. Agradecemos à Diocese de Ponta Grossa e, claro, à
família vicentina”, dizia o arcebispo metropolitano de Porto Alegre e
presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Jaime
Spengler, falando da nomeação de Monsenhor Odair Miguel Gonsalves dos Santos
como bispo auxiliar da capital gaúcha. Em uma celebração belíssima, rica em
simbolismos e emoção, a ordenação episcopal aconteceu na noite de sexta-feira
(8), na matriz da Paróquia São Miguel, em Irati, terra natal do ordenado e na
presença de muitos de seus familiares. Dom Jaime foi o ordenante principal e,
ao seu lado estavam Dom José Carlos Chacorowski, da Congregação da Missão,
Ordem de Dom Odair, e, Dom Sergio Arthur Braschi, bispo anfitrião da Diocese de
Ponta Grossa.
A
celebração começou com a profissão de fé feita pelo novo bispo, na presença dos
demais bispos, dos presbíteros assistentes, os padres lazaristas Leandro Maeski
e Simão Valenga, sacerdotes e diáconos, no interior da igreja matriz. Em
seguida, todos seguiram para um espaço especialmente montado no pátio interno.
Dom Sergio saudou os arcebispos, bispos, bispos eméritos vindos de todo o
Paraná, Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, além de sacerdotes e diáconos.
Falou especialmente aos irmãos de Dom Odair, Ocimar e Odete. Dom Jaime pediu a
todos uma oração silenciosa pelo novo bispo e por todas as famílias acometidas
pelas chuvas no Paraná, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. A celebração
foi acompanhada por cerca de três mil pessoas e contou com a presença do
prefeito Jorge Derbli e sua vice, Ieda Waydzik.
Uma emoção a mais para todos os fiéis da Diocese de Ponta
Grossa, no contexto de caminhada rumo ao seu centenário, foi o uso pelo
presidente da CNBB do báculo que pertenceu a Dom Antônio Mazzarotto, o primeiro
bispo diocesano. O ‘empréstimo’ do báculo foi autorizado por Dom Sergio para a
celebração. Dom Jaime contou que conheceu o irmão de Dom Antônio, Dom Jerônimo
Mazzarotto, que foi bispo auxiliar de Curitiba e faleceu com 102 anos, em 1999.
“Não sabia (que estaria usando o báculo). Dom Sergio só disse que iria
ceder o báculo da Diocese, mas não sabia que era do primeiro bispo. Para mim é
uma honra. Me sinto muito marcado por isso. Aqui tem uma história bonita. Uma
caminhada de Igreja completando um século. Expressão de muita oração, muito
empenho, muita dedicação, muito espírito comunitário. A Igreja é essencialmente
comunidade de fé. Temos que respeitar e celebrar essa caminhada. Faço votos que
a celebração dos 100 anos possa ser uma oportunidade para um salto
evangelizador ainda maior”, comentou Dom Jaime Spengler.
Ao lembrar que Dom Odair é o segundo bispo oriundo do interior de Irati
ordenado na Diocese, nos últimos anos, Dom Sergio considerou o fato uma grande
benção. “Mais um filho da terra sendo chamado não só à vida sacerdotal, mas ao
episcopado é uma grande alegria. E os dois últimos, Mário Spaki e, agora, Dom
Odair, do interior de Irati. Entre nós, do clero, temos um dizer que ‘Irati é
celeiro de vocações’. De fato, daqui dessas paróquias, são quatro ao todo,
temos muitas vocações, muitos padres, e agora, esses dois bispos. Não podemos
esquecer que também temos um grande número de sacerdotes e irmãs religiosas,
que são vocações das famílias aqui de Irati. Uma grande honra. Grande ação de
graças hoje a Deus por esse dom”, enaltecia o bispo de Ponta Grossa.
Dom Sergio contou que, desde o momento que saiu a notícia da escolha de
Monsenhor Odair como bispo auxiliar, a reação foi de grande alegria por parte
do clero, dos religiosos e, sobretudo, da população de Irati, em particular, mas
de toda a Diocese. “Quando recebemos a notícia, estávamos para iniciar a
Assembleia do Bispos do Paraná, que foi em Cornélio Procópio e, dois dias
depois, a Assembleia do Povo de Deus, o grande momento de reunir toda as
dioceses do Paraná. Não pude estar presente no primeiro instante para
abraçá-lo, mas, foi realmente algo que trouxe um novo entusiasmo para a nossa
igreja diocesana”, acrescentou o bispo.
Já Dom Carlos Chacorowski, padre lazarista como Dom Odair, afirmou que via com
grande alegria a nomeação, especialmente, por, agora, poder dividir a
responsabilidade com ele na Província. “Estou sozinho como bispo. Agora, tenho
um companheiro, um irmão. Monsenhor Odair é o nosso sexto bispo na Província.
Temos uma belíssima história de bispos nesses 120 anos da presença da
Congregação da Missão, filhos de São Vicente de Paulo, aqui na região Sul do
Brasil. Inácio Krause foi o primeiro, depois Dom Domingos Wisniewski, Dom
Ladislau Biernaski, Dom Isidoro Kosinski, eu e, hoje, Dom Odair. É motivo de
grande alegria. Fico muito feliz que mais um colega da Província da Congregação
da Missão hoje faça parte também da força viva da Igreja na CNBB. Também estar
na presença de Dom Jaime porque fomos nomeados bispos juntos pelo Papa Bento
XVI. É um prazer revê-lo, reencontrá-lo”, dizia, brincando que foi ordenado
bispo, em 2011, pelo vice-presidente na época da CNBB (José Belisário da
Silva), e que Monsenhor Odair teve chance maior: ser ordenado pelo
presidente da CNBB. “Dom Sergio, inclusive, foi um dos bispos ordenantes quando
fui nomeado bispo auxiliar de São Luís do Maranhão”, acrescentou.
Vida
“Desde criança sempre quis ser padre. Sempre
tive isso comigo. O tempo foi passando. Sou o filho mais velho da família. Meus
pais hoje já são falecidos e era o braço direito da família. Então, pensava que
não era oportuno, não era o momento de sair. Quando tinha de sete para oito
anos, um padre da Congregação da Missão, Xisto Bobato, visitou minha casa e
queria me levar para o Seminário Menor e meus pais, naquele momento, não
deixaram, dizendo que eu era muito novo; pediram para esperar um pouco mais. O
tempo passou, servi o quartel e, ao voltar, ainda morando com os pais, comecei
a ser catequista na Paróquia São Miguel, um dos únicos homens da Catequese. Até
tenho o prazer de falar que minha prima, Euni Teresinha da Cruz, sabia da minha
vontade (de ser padre) e um dia falou com o pároco. Eu estava namorando.
Naquele momento, padre Valentim (Szychta) me chamou para conversar. Eu
era muito tímido, mas disse que gostaria de ser padre. Naquele momento, tive
que tomar a decisão. E assim entrei para a Congregação da Missão”, contou
Monsenhor Odair.
Um tempo antes de ser nomeado bispo auxiliar de Porto Alegre, Dom Odair recebeu
convite para um trabalho no Vaticano. “A escolha foi feita pelo Superior Geral.
Eu estava terminando o mandato de visitador, de Provincial. Terminei no dia 27
de fevereiro, quando o padre Simão (Valenga) foi nomeado o novo
Provincial. No dia 28, veio uma carta do Superior me chamando para Roma. Queria
que fosse já em março, mas eu tinha dois retiros para conduzir para os Filhos
da Caridade e não tinha tirado férias, não tinha feito meu check-up anual. Combinei,
então, que me apresentaria dia 7 de setembro. Comprei passagem e estava tudo
organizado para eu ir para trabalhar na Cúria Geral, em Roma, como auxiliar do
secretário, que desempenha a função há mais de 15 anos. Eu sabia que estaria
sendo preparado para assumir o trabalho. Pela obediência, eu aceitei. Sabia que
seria difícil. A língua foi uma dificuldade. Me diziam que não era problema,
que lá eu aprenderia. Comecei a cursar Italiano. Chegando em Roma, iria fazer
um outro curso de Italiano. Mas, as coisas acabaram sendo diferentes. Acabei
indo para Roma, mas para ser nomeado bispo”, detalhou.
Sobre a nomeação como seu auxiliar, Dom Jaime Spengler citou que estava em
Porto Rico, na assembleia do Conselho Episcopal Latino Americano (Celam), na
qual foi eleito presidente, quando, logo depois da eleição, o prefeito do Dicastério
para os Bispos (Dom Robert Prevost) o chamou e disse para pedir um
bispo auxiliar. "Falei que faria ao voltar para casa. Mas, o prefeito
disse que não; que eu deveria fazer ali mesmo. Me deu uma folha em branco,
escrevi duas linhas e enviei. Logo, saiu a nomeação...até mais rápido do que
imaginava. Era uma necessidade. Seja por aquilo que hoje a Igreja nos pede a
nível de Brasil, mas também de América Latina, como aquilo que é a Arquidiocese
em Porto Alegre. Foi, certamente, uma notícia muito boa”, descreveu Dom Jaime.
Agenda
A Arquidiocese é dividida em quatro vicariatos. São quase quatro milhões de
habitantes, 160 paróquias. O novo bispo auxiliar já está em Porto Alegre.
Dom Odair, após a ordenação, teve celebrações, sábado (9), na Capela São Pedro,
no Guamirim, às 18 horas, e, ontem (10), na igreja matriz São Miguel, às 9
horas, e, às 18 horas, missa pelos familiares falecidos, no Cemitério de
Guamirim. Irá celebrar uma série de Crismas, em Porto Alegre, dos dias 15 a 22
deste mês. Conduz ainda uma atividade com missionários e retorna para Irati. Em
janeiro, ele fará um curso voltado para bispos, no Rio de Janeiro, e, no final
do mês, volta para Porto Alegre, onde, dia 2 de fevereiro, acontece a
celebração em honra a Nossa Senhora de Navegantes.