Festa de SantAna supera tradição
Em Castro, padroeira foi reverenciada pelo povo
27.07.2023 - 13:48:39

Exatamente às 9 horas da manhã do feriado municipal de quarta-feira
(26), dia dedicado à Senhora Sant'Ana, o espocar de fogos anunciava que dezenas
de barqueiros cruzavam a última curva do rio Iapó, alguns metros antes da ponte
férrea, trazendo no barco/madrinha a imagem da padroeira de Castro. Este ano,
coube a José Wilson Hanesh, a incumbência de escoltar a santa em seu barco.
O eletricista de automóveis, Edson Zargiski, de
63 anos, estava entre os barqueiros. "Há 20 anos participo da procissão de
barcos. Fui convidado, na época, por Israel Babi (barqueiro já falecido). Numa
dessas descidas, que reuniu mais de 60 barqueiros, eu tive o privilégio de
descer o rio, trazendo Sant'Ana em minha embarcação. Uma emoção ímpar. É
magnífico poder acompanhar a procissão pelo rio", contou emocionado.
Sob aplausos calorosos e gritos de ‘viva
Sant'Ana’, a imagem foi colocada em um andor já no ancoradouro da Prainha e
seguiu em procissão até a matriz, subindo pela Rua Francisco Xavier da Silva.
Uma missa presidida por padre Sandro José Brandt, pároco da matriz, e
concelebrada por sacerdotes das quatro paróquias locais e diáconos, contou com
ministros, coroinhas e acólitos e a comunidade em geral, que lotou a igreja.
Em sua homilia, padre Sandro Brandt convidou os
fieis devotos a prestarem atenção na riqueza da Palavra do Evangelho do dia.
"Precisamos voltar nosso olhar para as bênçãos e graças de Deus em nossa
vida. O mundo de hoje destaca mais o negativo do que o positivo. Mais de 200
pessoas se apresentaram para trabalhar nos festejos de Sant'Ana como
voluntários nas mais diversas funções. Se isto não é uma graça de Deus, se isto
não é um milagre de partilha e comunhão, eu não sei onde vamos encontrar o
olhar de Deus", sublinhou.
Morador de Ponta Grossa, que também celebra
Sant'Ana, Alfredo Mourão fez questão de participar da festa em Castro. "A
cidade me remete a memórias afetivas. Este diferencial, que mistura o religioso
com a parte cultural, é que me trouxe a esta cidade, para festejar e rezar com
Sant'Ana. Vi aqui o sentimento de fé", disse. Mourão, hoje aposentado, nas
décadas de 80 e 90 teve destacada atuação no setor cultural de Ponta Grossa.
Avaliação
Terminada a celebração da centésima festa em
louvor a padroeira de Castro, padre Sandro fez uma avalição positiva de toda a
festividade. “Todo o novenário foi bem participativo. O principal da festa é
dar oportunidade para o povo rezar. O grande legado da centésima festa foi a
participação familiar. Já em relação à arrecadação da festa, vamos investir na
restauração do salão paroquial, na manutenção da igreja e, sobretudo, na
formação de nossos leigos", acentuou.
Já para o diácono Adenilson Carneiro, que atua
na Paróquia Sant'Ana, foi uma experiência rica. “Nestes dias de novenas, missas
e festividades paralelas pudemos viver intensamente a nossa fé. Muitas graças
aconteceram na vida das pessoas. Para nós, como ministros ordenados, fomos
ricamente recompensados pela participação da comunidade", avaliou.
Imagens
Nem mesmo o incidente registrado às vésperas do
dia da festa - quando uma ave (jacu) entrou pela porta lateral e, depois de
pousar por sobre a coroa de ornamentação, acabou por derrubar a imagem – trouxe
qualquer prejuízo à festa. A santa não sofreu nenhum dano. A mesma sorte não
tiveram seis imagens de padroeiros de capelas do interior. Elas foram
avariadas. Mas, o próprio pároco Sandro fez questão de ressaltar que todas
estão passando por restauração, feita por uma pessoa especializada. "Logo
serão devolvidas, intactas para as capelas", destacou padre Sandro Brandt.