Missionária está de férias em Ventania

Luciane Bracisiewrcz está na África e foi acolhida na missa de domingo

      A missionária Luciane da Luz Bracisiewrcz, que é da Paróquia São Roque, em Ventania, e está na Missão São Paulo VI, na Guiné-Bissau, na África, desde setembro do ano passado, voltou à cidade no sábado (7). Luciane veio de férias e vai ficar por 45 dias, especialmente, para acompanhar a filha caçula, Kéreen, que deve ganhar seu segundo filho em meados de setembro. A acolhida aconteceu na missa de domingo, quando a missionária recebeu flores e cartinhas das crianças da Infância Missionária.

     Luciane chegou ao Brasil na última quarta-feira. “Minhas férias seriam em dezembro, mas minha filha caçula terá bebê, agora, no meio do mês de setembro. Como está tendo alteração na pressão arterial pedi o adiantamento (das férias) e o Regional Sul 2 me concedeu, graças a Deus!”, explica a missionária, que, na missa de domingo, falou sobre a solidão de quando se está longe de sua comunidade e do carinho das mensagens recebidas. “Isto sustenta um missionário porque a gente se sente muito sozinho. Estar longe dos nossos, em outra comunidade, em uma comunidade totalmente diferente, não diferente negativamente, porque é muito gostoso lá, na comunidade da qual eu faço parte, me sinto em casa. Todos os meses que vocês me mandaram mensagem, dizendo que estavam rezando por mim, deu um ânimo e fez com que não me sentisse sozinha. Agradeço muito e peço que continuem fazendo isso”, sugeriu.

     Lembrando estar de férias, Luciane citou o compromisso de ajudar a implantar na região de Quebo, um centro de nutrição para crianças de zero a seis anos, para salvar vidas. “Fazemos desde março o rastreio, buscas ativas, nas tabancas (aldeias), quatro vezes por mês, de bebês desnutridos. Os em situação de desnutrição leve e moderada a gente consulta, analisa, faz orientação aos pais, pede que procurem o hospital e fornecemos um suplemento, além de acompanhar. Os mais graves ficam internados até atingir o peso ideal. É um programa da Caritas, que está em fase de implantação e será pago pelo Paraná”, detalhou a missionária.  

     Paralelamente, é feita a busca de mulheres gestantes com alto risco obstétrico. “A gente vai atrás nas tabancas e encaminhamos para que fiquem em uma espécie de maternidade. Não na dimensão das que têm aqui. Mas, locais que as recebem e cuidam porque muitas vivem uma gestação de risco devido à desnutrição. A maioria come uma vez por dia, por volta das três horas da tarde. Geralmente, arroz cozido com água e sal e, molho de peixe ou de legume que colocam em cima para dar o tempero. Raro as famílias que tomam café com pão de manhã ou que comem à noite. São mais as famílias muçulmanas, que tem uma condição melhor de vida. Todo o mês morre pelo menos uma criança na região que atendemos. Ao todo, são 61 tabancas somente em Quebo. Visitamos 20. Há muitas outras em que não conseguimos ir. É muito grave a situação lá”, detalha Luciane. O centro está em fase de documentação. “Por isso, preciso voltar”, justificou.

     A Missão São Paulo VI, na Guiné-Bissau, atua em três dimensões: saúde, evangelização e educação. “Fui voltada para a dimensão da saúde”, frisou ela que é assistente social. Do que viu lá nesses meses, Luciane citou o ‘choro’, que é uma cerimônia equivalente ao nosso velório e sepultamento, “que é bem diferente conforme da tradição, os costumes deles”, garantiu, e, a ‘partilha da poupança’, que, ao contrário, é uma festa bem animada. “Nessa poupança, um programa da Diocese de Bafatá através da Caritas, as mulheres fazem empréstimo para plantar, criar galinhas, fazer artesanato e vender na feira e, assim, alimentam suas famílias”, contou.

      Luciane tem 51 anos, é leiga consagrada a Nossa Senhora da Medalha Milagrosa. Divorciada, é mãe de três filhos e tem três netos. Faz parte da Legião de Maria, do Apostolado da Oração e da Pastoral da Criança, citados por ela como movimentos, por natureza, missionários. É ministra da Palavra e da Eucaristia. Também já coordenou a Pastoral de Animação Bíblico-Catequética da paróquia.