Padre psicólogo conduz formação do clero
Fala foi sob a ótica do cuidado humano, espiritual e afetiva
07.03.2023 - 19:23:16

Ontem e hoje (7), o bispo
Dom Sergio Arthur Braschi, padres, religiosos padres, diáconos e seminaristas
estão participando da formação geral do clero, no Centro de Formação Nossa
Senhora da Paz, no Bairro Contorno, em Ponta Grossa. Cerca de 60 pessoas
estavam acompanhando, nesta terça-feira, a fala do padre Anselmo Matias
Linberger, psicólogo, doutor e mestre na área e também doutor em Filosofia feito
na Pontifícia Universidade Católica, em Roma. Padre Anselmo abordou o tema ‘Presbíteros:
comunhão, missão e participação na ótica do cuidado’, fazendo uma análise das dimensões
humano-afetiva, pastoral, intelectual e missionária da vida do ministro
ordenado.
Padre Anselmo se
disse honrado e feliz por ter sido convidado a voltar a Ponta Grossa. “Gostei muito
de voltar. Compartilhar com o ministério as experiências adquiridas. Hoje, o
tema partiu da Bíblia. Foi pego como referência a Segunda Carta a Timóteo, onde
Paulo recomenda o cuidado sobre si mesmo e o zelo espiritual e pastoral. Peguei
referências na Lumen Gentium para destacar
a igreja local, a diocese, o bispo no centro e o presbitério. A identidade
espiritual do padre vivida deve estar ligada a essa realidade. Ao mesmo tempo,
temos o Sínodo dos Bispos, com a reflexão da experiência de caminhar junto. A valorização
do laicato e do sacerdócio comum dos fieis no sentido de se tornar protagonista
na vivência, na transmissão e no testemunho do Evangelho. É uma missão comum
nossa, de todos os féis dentro da igreja. Tudo isso na ótica do cuidado”,
comentava o formador, que, em 1981, fez o noviciado no Convento São Francisco,
cursou Filosofia e Teologia em Ponta Grossa, e foi ordenado diácono, em 1986 e
presbítero pelo bispo aqui da Diocese, Dom Geraldo Pellanda, em 1987.
Em sua palestra,
padre Anselmo fez a análise das dimensões humano-afetiva, pastoral, intelectual
e missionária do presbítero. “A (dimensão)
humano-afetiva pega muitos elementos da psicologia para a vivência do
ministério sacerdotal. Somos padres, queremos ser santos, viver a santidade,
ter uma vida sadia, viver o ministério junto ao povo seja na pessoa de Cristo,
em nome da Igreja, no anúncio do Evangelho, na celebração dos sacramentos,
ensinando o povo a rezar e rezando com o povo. Deve ter cuidado com a própria vida.
Esse curso se situa no âmbito preventivo. Fala de cuidar da vida e da vida do
outro, atualizando, instrumentalizando o padre para melhor acolher os fieis. Também
fala sobre a Pastoral Presbiteral, que acontece na igreja local, junto com o
bispo, no presbitério. A primeira pastoral do bispo é o cuidado do presbítero. O
bispo tendo esse zelo, os presbíteros na saúde, na santidade, atualizados, vão
oferecer o que tem de melhor, cada qual dentro de seu alcance. É nesse sentido
que é preciso reforçar a Pastoral (Presbiteral),
com uma chave: o protagonismo. Cada presbítero é o personagem primeiro, responsável
pela sua atualização, espiritualidade e vivência. Tendo esse protagonismo volta
feliz, abastecido, animado”, acrescentou.
Para o padre
psicólogo é preciso que sacerdote seja o responsável pelo cuidado integral pela
sua saúde física e espiritual. Segundo ele, é imprescindível poder falar, ter
amigos, poder partilhar. “Daí a importância do presbitério, de se integrar e
participar das atividades. Poder falar é um caminho para prevenir e, para o que
está enfermo, um caminho para a cura. Ter um diretor espiritual, um confessor,
tudo isso junto, cada qual na sua dimensão, faz com que caminhe para a cura e
viva bem. Muitas vezes, o padre é o terapeuta, como teólogo ainda que não tenha
formação da ciência. O próprio ministério significa um grande passo para pessoa
encaminhar o sofrimento e achar uma via de solução e, depois, a cura”,
reforçou, lembrando que sua exposição, dialógica, finaliza sempre com uma plenária.
“Não trago verdades definidas, mas questões para serem refletidas. O presbitério
de Ponta Grossa é aberto, é dinâmico, participativo e acolhedor. Muitos aqui são
colegas, outros, grandes amigos. Vi com alegria o envolvimento. O bispo está de
parabéns pelo que fez. É grande a satisfação de um bispo quando chega nesse momento
poder entregar um processo com sucesso. Problemas sempre vão existir, mas
conseguir lidar, identificar, prevenir e encaminhar para a solução do problema,
levando a pessoa da doença para a saúde, do pecado para a graça, é o grande
desafio”, destacou. Padre Anselmo se referia a aproximação da data do pedido de
renúncia de Dom Sergio e sua passagem a bispo emérito, em dezembro.
Padres
Padre Casemiro Oliszeski,
pároco da Paróquia São José/ Santuário de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em
Ponta Grossa, citava “como padres, somos humanos. A formação vai ao encontro de
nós nos vermos como pessoas que tem qualidades, mas tem limitações e elas
precisam ser conhecidas e trabalhadas. A formação vai ajudar no autoconhecimento
e ajudando com posicionamentos e dicas de como trabalhar situações que são
muito humanas”, afirmava. O padre ainda lembrava que, sendo humanos, os padres trabalham
com pessoas que também são humanas. “Às vezes podemos pensar que somos anjos e
não somos. Temos espiritualidade necessária e temos que crescer, nos aprofundar
para realmente podermos fazer aquilo que devemos, aquilo para o que fomos
chamados. Mas sem esquecer o aspecto humano”, enfatizou.
Para o padre Ademir
da Guia Santos a formação foi importante porque trabalhou a maturidade do
presbítero no contexto parecido com o do Sínodo: comunhão, participação e
missão no cuidado de si, principalmente, questão emocional e afetiva. A maturidade
afetiva. “Trabalhou vários temas contundentes nessa área, a partir de documentos
da Igreja, da visão do Sínodo. Padre Anselmo passou um pouco de sua experiência
na caminhada junto a dioceses, ele que é formado em Psicologia, Psicanálise
Clínica e atende muitos nessa área. Pode falar da busca da maturidade
emocional, com grupos de apoio, de acompanhamento”, argumentou.
Conforme o coordenador
da Pastoral Presbiteral, padre Martinho Hartmann, todo o ano, por dois dias, o
clero se reúne para uma formação permanente. “É permanente porque é constante. Nossa
formação como presbítero como pessoa humana, como cristão, como padre, é
constante na nossa vida. Dentro desses dias de formação, se escolhe um tema atual
que nos ajude a ser cada vez mais presbíteros com o coração mais como o de
Jesus. Para isso precisamos trabalhar a nossa humanidade. A proposta desse ano
foi justamente trabalhar questão do presbítero na sua comunhão, sua relação,
com cuidado consigo e com o outro, o presbítero na sua missão na paróquia, com
o Povo de Deus, onde ele exerce o cuidado, e o presbítero na participação da
vida como um todo da Igreja, lembrando que a igreja somos todos nós, batizados.
O tema desse ano foi para nos mostrar que nós presbíteros precisamos nos cuidar
para depois exercer o cuidado em todas as dimensões onde estivermos”, frisou.