Paroquianos conhecem sua nova matriz
Nossa Senhora do Pilar teve a igreja e altar dedicados ontem
11.10.2023 - 21:40:35

Uma reinauguração digna de toda a pompa, com direito a apresentação da Banda Marcial do Colégio Sant’Ana. Assim foi a cerimônia da entrega da nova matriz da Paróquia Nossa Senhora do Pilar, na Palmeirinha, em Ponta Grossa, na noite de ontem. Centenas de pessoas acompanharam este importante momento, que marcou, depois de um ano e três meses de obras, a reabertura da igreja. E houve de tudo: homenagens, a concessão de bênção apostólica do Papa Francisco e descerramento de placa comemorativa. Reunida em assembleia, a comunidade pode acompanhar também o solene Rito da Dedicação da Igreja e do Altar, presidido pelo bispo Dom Sergio Arthur Braschi.
No altar, o pároco, padre Clayton Delinski Ferreira, o abade do Mosteiro da Ressurreição, Dom André Martins, sacerdotes, religiosos e diáconos. Houve homenagens aos tesoureiros da paróquia, aos integrantes Conselho de Assuntos Econômicos, do Conselho de Pastoral, às equipes de liturgia e de canto, aos pedreiros, técnicos, restauradores e mensagem de gratidão a presença de padres diocesanos – inclusive de fora de Ponta Grossa – e de religiosos e religiosas. “Gente que tudo fez no tempo da reforma. Ao longo desse um ano e três meses, foi muita torta, pastel, bazar...e a comunidade respondendo de maneira surpreendente. Minha gratidão a todos. Aos padres que em seu dia de folga estão aqui, aos responsáveis pelos serviços litúrgicos, aos que iniciaram a reforma, tirando a antiga estrutura, aos pedreiros, aos responsáveis pelo som da nova igreja, a quem fez a restauração do ícone de Nossa Senhora do Pilar e ao Povo de Deus dessa comunidade”, dizia padre Clayton.
À arquiteta Juliane Pacheco Kossemba, responsável pelo projeto da nova igreja, padre Clayton agradeceu as ideias de fé e de planejamento que trocaram. “Tudo brotou das orações e do projeto feito por ela. Está com o coração feliz”, afirmava o pároco. Juliane lembrou que o templo é um lugar de referência espiritual. “Todos os nossos esforços foram colocados aqui durante meses. Através do estudo e da aplicação da arquitetura sacra nos foi permitido pesquisar, refletir, planejar a reforma, desenvolver os projetos; nos foi possibilitado executar, e, hoje, contemplamos e celebramos juntos. A arquitetura nasceu sacra, nasceu para aproximar o homem do transcendente, nasceu para aproximar criatura do seu Criador. Quando se projeta um lugar sagrado como este, as formas, as disposições, as cores, tudo deve revelar beleza em um ritmo, para que esse movimento, depois de concluído, gere a sonoridade como que de uma orquestra. Todos esses elementos dispostos, concatenados em uma lógica, obedecendo uma funcionalidade e significado... devem externamente revelar quem internamente ali habita”, detalhou.
Padre Clayton se mostrou grato ao bispo que, assim que soube das obras de reforma, se prontificou a vir inaugurar a nova igreja e sugeriu que fosse feita a dedicação do templo e do altar. “Sou extremamente grato por seu ânimo, presteza e dedicação, Dom Sergio”, enalteceu, citando em seguida Dom André que ofereceu a relíquia de São João XXIII, cuja memória foi lembrada neste dia 11, para ser depositada no altar da nova matriz. “No entanto, a relíquia era de segundo grau. E para ser depositada no altar, no Rito de Dedicação, se recomenda que seja uma de primeiro grau. Dom abade então nos presenteou com a relíquia de São Clemente I. E, desde que chegaram as relíquias, muitas graças envolveram a paróquia. Muitos milagres começaram a florescer. Foram sete semanas de missas e confissões a partir da vinda das relíquias. Com o Cerco de Jericó, a presença de padres e diáconos, que tornaram a comunidade um templo muito propício de se ouvir a Deus, de penitência, veneração aos santos e de toda uma catequese que se alastrou pela paróquia”, garantiu o pároco.
A nova igreja matriz ficou muito bonita. Rica em detalhes. No momento da abertura das portas, toda a gente exclamava o quanto ela tinha ficado bela. “Que linda!”, extasiava-se uma paroquiana, misturando surpresa, alegria e orgulho.
Rito
Dom Sergio comentou que se tratava de um momento memorável. “Uma nova igreja totalmente remodelada. Os paroquianos vivem um momento histórico, de grande alegria e realização em que todo o povo colaborando, se unindo, faz esta nova igreja reformada, embelezada e, nesta noite, dedicada, isto é, consagrada ao culto de uma maneira solene e litúrgica”, destacou o bispo que, inicialmente abençoou a água que foi aspergida, em seguida, por toda a igreja e em todos os fiéis. Depois do Hino de Louvor, Dom Sergio recebeu e benzeu o Livro das Leituras. Logo depois da homilia e profissão de fé, iniciaram-se as preces de dedicação e unções.
A deposição das relíquias aconteceu antes da prece de dedicação. Conforme antigo costume, foram depositadas no altar as relíquias oferecidas pela Abadia da Ressurreição. Uma delas, de primeiro grau, é um fragmento de osso do Papa mártir São Clemente I, ele que foi o terceiro sucessor de São Pedro. Juntamente com ela foi depositada uma relíquia de segundo grau do Papa São João XXIII, um fragmento de sua veste talar.
“Nós somos o ‘novo Israel’ de Deus, povo da nova e eterna aliança, concluída no sangue do verdadeiro cordeiro, Jesus Senhor, que deu a vida por toda a Humanidade. O povo que caminha e que deve abrir as suas tendas, como nos diz o Sínodo, esticar as cordas para que venham todos, todas as raças, todas as línguas, diferentes países, culturas e de todos os tempos, e sejam acolhidos nessa assembleia do Senhor, que somos nós. Temos o verdadeiro cordeiro e ele também é a Palavra Eterna, o verbo que se fez carne e habitou entre nós. Por isso, nós recebemos e benzemos o Livro das Leituras, e, abençoamos o ambão, o local onde a Palavra é proclamada”, justificou Dom Sergio.
O centro de uma igreja católica, para onde os olhares convergem, é o altar, que é Cristo, prosseguiu o bispo. “Ele lembra a pedra angular que cita as Sagradas Escrituras. Por isso, recebe unção com óleo de Crisma o altar e as paredes. Com o mesmo óleo que consagra as mãos do sacerdote, a cabeça do bispo, dos crismandos, o óleo precioso. Vocês perceberam que, quando entramos, não foi feita inclinação ou reverência porque o altar é novo, não foi consagrado. Mas, faremos daqui a pouco, a partir do momento que for ungido e se tornar símbolo do próprio Cristo. Não fazemos reverência a uma pedra, mas a Cristo. O altar representa Cristo. Ele é a pedra escolhida e preciosa”, acrescentou.
“Estamos vivendo dias belíssimos com a realização do Sínodo, este mês e em outubro do ano que vem. É preciso aprofundar a sinodalidade, esse tempo que nos diz que temos que caminhar juntos, que todo o batizado é importante, que temos a mesma dignidade. Por isso, o templo material, a matriz agora dedicada, é símbolo da Igreja Viva. Somos o templo espiritual. Nós, pedras vivas, oferecemos o sacrifício agradável na nossa vida, oferecendo diariamente tudo o que passamos. Somos sacerdotes, somos um povo de sacerdotes. Sacerdote quer dizer ‘aquele que se oferece’. Somos um povo de sacerdotes pelo sacerdócio comum do batismo. Temos que resgatar isso nesse tempo sinodal”, orientou Dom Sergio.
Dom Sergio ainda lembrou que, após o Concílio Vaticano II, a Igreja passou a valorizar muito o ambão, local onde se proclama a Palavra de Deus. “Ali não se deve fazer outras proclamações, avisos. O Salmo deve ser cantado ali. Ele é feito do mesmo material do altar. Da mesma pedra, para que nos diga que é o altar da Palavra e o altar da Eucaristia. Para que se entenda a centralidade, pois o mesmo Cristo que é o cordeiro, que se entrega no mistério pascal no altar e renova sob o altar sua entrega na Eucaristia, é o mesmo que é a Palavra Viva, o verbo de Deus”, reforçou.
Sobre a bênção das cruzes, Dom Sergio lembrou que ela acontece para simbolizar que a Igreja é firmada no único alicerce, que é Cristo. “O único que pode ser colocado, a pedra escolhida. Porém, sobre esse alicerce firme, diz o livro do Apocalipse, contemplava-se a Jerusalém celeste, que descia do céu, as 12 colunas que formavam aquela cidade do Senhor e onde se leem os nomes dos apóstolos do cordeiro. Por isso, na dedicação da igreja se tem a unção das 12 colunas, das 12 cruzes, preparadas ao longo de todo o edifício da igreja. Somos uma Igreja santa, una, católica e apostólica. Cristo passou, pelo seu ministério pascal, a missão recebida do Pai para a sua Igreja, na pessoa dos apóstolos. Ao entrarem nesta igreja, olhem essas cruzes. Elas serão ungidas, veneradas com incenso e iluminadas com velas e, ano que vem, serão novamente acesas, no aniversário da dedicação, e também em outras ocasiões solenes”, concluiu catequeticamente o bispo.
Capelinhas
Ao final da celebração desta terça-feira, padre Clayton pediu ao bispo e padre Martinho Hartmann, coordenador do Serviço de Animação Vocacional, para que abençoassem 50 novas capelinhas. “Temos as capelinhas que percorrem as casas das famílias há muitos anos e são as mesmas. Pensamos em animar as zeladoras, mas também em fazer crescer o movimento. As 50 novas capelinhas foram feitas, montadas pelas próprias zeladoras. Trouxemos algumas aqui para serem abençoadas”, solicitou o pároco, em frente ao átrio com a imagem da padroeira da paróquia, em uma das laterais da igreja. “Aqui está o pilar vindo da Espanha, trazido pelos padres agostinianos junto com uma imagem pequena de metal de Nossa Senhora. Ele foi encontrado pela restauradora e pela arquiteta durante a reforma. A imagem foi restaurada e ocupa, agora, um lugar onde o povo pode se aproximar”, mostrou padre Clayton.