PG sedia I Conferência de Migrações
Caritas Diocesana fez parte da organização
11.03.2024 - 21:09:07

85 migrantes originários da Venezuela, Haiti, República Dominicana, Cuba, Síria, Colômbia e que residem em Ponta Grossa participaram, no último sábado (9), da I Conferência Municipal de Migrações, Refúgio e Apatridias. Realizada no grande auditório da Universidade Estadual de Ponta Grossa, a Conferência foi organizada pelo Comitê Municipal de Migração, Refúgio e Apatridias, do qual a Caritas Diocesana participa, e pretendeu dar vez e voz aos migrantes quanto à apresentação de propostas aos governos, para a promoção de melhorias no atendimento e a instituição de políticas públicas voltadas à migração.
O bispo Dom Sergio Arthur Braschi acompanhou a abertura da Conferência e até cantou, em espanhol, pequeno trecho de uma invocação à Maria Santíssima. “Minha forma de manifestar carinho a todos os irmãos migrantes. Estamos acompanhando com preocupação e dor este momento em que se está vivendo sofrimentos e manifestações de revolta e violência, no Haiti. Acompanhando e rezando”, comentou o bispo, ao se referir aos conflitos que assolam várias nações pelo mundo e forçam a migração.
De acordo com a assistente social da Caritas, Erica Pilarski Clarindo, a Conferência Municipal foi organizada pelo Comitê que é composto ainda pela Ordem dos Advogados do Brasil, UEPG, secretarias da Prefeitura de Ponta Grossa e migrantes. “É a primeira conferência municipal que organizamos e conseguimos ter 85 migrantes inscritos. É muito importante um evento assim porque da vez e voz a eles. A Caritas como braço social da Igreja tem entre suas frentes a imigração: o acolhimento, atendimento, a proteção e a integração dos migrantes. Depois do acolhimento, nós ouvimos o que eles têm a dizer”, citou a assistente social.
Em um segundo momento, inicia-se o atendimento das demandas trazidas, que, em sua maioria, relaciona-se à regularização migratória, a colocação no mercado de trabalho e a oferta de cursos de Português, informou Erica. Rodas de conversa sobre os direitos e deveres do migrante também fazem parte das atividades oferecidas. “E Dom Sergio está sempre apoiando esse trabalho”, acrescentou Erica, lembrando que há migrantes das mais diferentes nacionalidades espalhadas pela Diocese.
A venezuelana Alpes Clarissa Carreno de Flores veio para o Brasil com os filhos, há dois anos. O esposo já aguardava a família em Ponta Grossa há dois anos. “A Caritas nos recebeu muito bem. Desde o primeiro momento, nos sentimos em casa. Ajudou com os trâmites na documentação física, nos cedeu cobertores para o frio, porque não tínhamos. O clima é bem diferente de lá. Apoio psicológico e acolhida. Nos inseriram em várias atividades, entre elas, a elaboração de um livro relatando a minha própria história. Atualmente, estudo Português, em um curso que finaliza dia 16, para aprender a dominar a língua. Há oito meses, estou trabalhando em uma empresa do ramo de Alimentação, como terceirizada”, contou. “Estamos nos sentindo bem. Deixamos todos da família lá, mas estamos recebendo apoio emocional, ajuda. Aqui, temos emprego. É o mais importante, é o primordial. Os adultos trabalhando, os pequenos, estudando. Tenho um filho em uma universidade, cursando Farmácia”, complementou a venezuelana que frequenta a Paróquia São Pedro Apóstolo, no Sabará.
Conferência
A etapa estadual da Conferência acontecerá dias 24 e 25 de abril, em Curitiba. Ela é preparatória, junto com a fase municipal, para a II Conferência Nacional de Migrações, Refúgio e Apatridias, em Foz do Iguaçu, marcada para de 6 a 8 de junho. A conferência quer aprofundar o debate sobre migrações, refúgio e apatridia, propor e discutir diretrizes e para políticas públicas para pessoas migrantes, refugiadas e apátridas; promover a participação social e política de pessoas migrantes, refugiadas e apátridas; fomentar a integração entre os entes federativos, organizações da sociedade civil e associações e coletivos de pessoas migrantes, refugiadas e apátridas que atuam no tema.
A primeira conferência nacional aconteceu em 2014. Este ano, a conferência reunirá as reflexões, desafios e perspectivas acumuladas nos mais diversos setores da sociedade no que se refere à migração, refúgio e apatridia, a partir do tema ‘Cidadania em Movimento’
As discussões e propostas serão organizadas ao redor dos eixos igualdade de tratamento e acesso a serviços públicos; inserção econômica e promoção do trabalho decente; enfrentamento a violações de direitos; governança e participação social, regularização migratória e documental e interculturalidade e diversidades