Projeto que acompanha famílias é renovado
Assistente social atende sete paróquias de Ponta Grossa
09.11.2023 - 23:23:21

Projeto Pastoralidade e Transformação Social: ser presença solidária da Igreja junto às pessoas e situações onde a dignidade e a vida são negadas ou ameaçadas Este é o primeiro dos objetivos da ação da Caritas Diocesana com a contratação de uma assistente social e a oferta das condições necessárias para a assistência de famílias em situação de vulnerabilidade social nos territórios compreendidos pelas sete paróquias que integram o Setor 4 da Diocese: Nossa Senhora de Guadalupe, São João Paulo II, São Sebastião, Santa Rita de Cássia, São Jorge, São Pedro Apóstolo e São Francisco de Assis, todas de Ponta Grossa. Desde outubro de 2022, foram 1093 atendimentos.
Em pouco mais de um ano, o projeto realizou 183 visitas domiciliares, 115 contatos, 579 encaminhamentos e 25 reuniões. A presença da assistente social é dividida nos dias de semana entre as paróquias. Na segunda-feira, ela está na São Sebastião e João Paulo II; na terça-feira, na Nossa Senhora de Guadalupe e Santa Rita; na quarta, São Pedro e São Francisco, e, na quinta-feira, São Jorge e sede da Caritas, na Vila Liane. De acordo com Juliane Eloísa Marques, profissional que assumiu o projeto em fevereiro deste ano, o trabalho é realizado em conjunto com as Pastorais Sociais das paróquias. “Houve uma certa desconfiança, no início, porque os agentes de pastorais já realizavam o atendimento. Mas, depois de explicada qual seria a ação da assistente social, que presta assistência, encaminha e até facilita a missão das pastorais, passaram a entender e ajudar. Contam sempre comigo. São a base do meu trabalho, me passam a maior parte dos casos e eu faço os encaminhamentos”, conta Juliane, que prestou contas do projeto, nesta quinta-feira (9), a seis dos sete párocos envolvidos.
A maior dificuldade, segundo ela, é o fato de as pessoas não terem consciência do que é o trabalho. “Misturam muito com caridade. E a visão que tem do projeto seria a transformação das pessoas. Não só prestar assistência. Ao escrever os projetos, procuro pensar em algo que possa tirar as famílias das situações em que se encontram. Há famílias que passam anos recebendo cesta básica e não tem a visão do que pode melhorar na vida delas. Ai, entramos com os projetos. A ação, os cursos, são feitos a partir das demandas observadas nas visitas. E cada paróquia tem uma particularidade. Demanda geral tem de todo tipo, mas há especificidades. Na São Pedro Apóstolo, São Francisco e na São Jorge, o público é o feminino jovem. Pensamos em capacitação para gerar emprego e renda, trazer para elas como podem montar o próprio negócio. Elogiam muito. São muito gratas”, detalha Juliane.
Frei Roberto Mauro Bührer, pároco da São Pedro Apóstolo, no Sabará, enaltece o projeto, avalizando sua renovação e até sugerindo sua ampliação, diante das demandas. “Está sendo feito um trabalho bastante edificante junto às famílias e que resolve. Não é aquele assistencialismo que a gente tem, no balcão da secretaria, que a gente encaminha e, na semana seguinte, estão lá novamente. É um acompanhamento das famílias, das necessidades em todos os níveis, que vai desentocando outras, aparecendo mais situações, que vão resolvendo junto aos órgãos públicos. Porque se trata de encaminhamento. A assistente social tem o conhecimento, faz o encaminhamento e, assim, crianças, adolescentes, idosos, gente em vulnerabilidade de forma geral vem sendo atendida. Do ponto de vista financeiro não conseguimos mais uma assistente social e estrutura, mas já vemos que há necessidade disso”, constata, citando que os reflexos se verificam na busca de inscrição nos cursos de panificação, design de sobrancelha, corte e costura. “Mais que isso. A partir do projeto, uma equipe de profissionais liberais da paróquia se mobilizou e assumiu uma missão junto às comunidades. Atendem em diversas áreas: Fonoaudiologia, Direito, Massoterapia, Educação Especial. Isso veio a reboque”
Padre Welington Marcondes, pároco da Nossa Senhora do Guadalupe, no Núcleo Santa Paula, garante que o saldo do projeto tem sido muito positivo. “Os atendimentos são muitos. A assistente social faz o que deve fazer, que é orientar, encaminhar as pessoas que não têm conhecimento de seus direitos nem dos caminhos que podem seguir para conseguir o que precisam. Além de que isso é uma parte importante na vida da Igreja, que é o atendimento social. A Igreja orienta sempre isso e nós estamos, pelo menos, tentando responder a essa orientação. Agora, temos um ponto de referência, como é a secretaria paroquial, mas nem sempre a secretaria tem os instrumentos necessários para atender o que chega. Neste sentido, o retorno tem sido muito bom”, afirma.
Além do padre Welington e do frei Roberto, participaram da prestação de contas sobre o projeto, padres José Fernando Noriega Zegarra (Paróquia São Jorge), Nelson Bueno da Silva (São Sebastião), frei Fábio Júnior de Deus (São Francisco) e Evandro Luis Braun (Santa Rita), e, o tesoureiro da Caritas, diácono Mário Cequinel. O pároco da São João Paulo II, padre Wagner Oliveira da Silva, estava fora da cidade.
Ampliação
O Projeto Pastoralidade e Transformação Social deu certo. Tanto que foi renovado pelos seis párocos. O importante, agora, seria ampliá-lo, levar a outras paróquias da Diocese. A resistência quanto a sua universalização seria quebrada, segundo a assistente social Juliane, com a divulgação dos resultados. “O projeto é uma chave para abrir os olhos de muitos párocos, de paroquianos e de instituições para que enxerguem as implicações da questão social. O tempo inteiro a demanda só cresce, não diminui. A partir da hora que oferece o serviço, aumenta muito a procura, passa a chegar mais casos por terem consciência de terem para onde correr”, assinala.
A assistente social da Caritas Diocesana, Erica Pilarski Clarindo, lembra que os resultados do projeto vêm sendo apresentados aos demais padres, principalmente nos Setores da cidade de Ponta Grossa. A iniciativa foi exposta aos párocos do Setor 1, Setor 2 e na reunião geral dos quatro Setores. “Estamos no momento de sensibilização, mostrando a necessidade deste profissional na paróquia e como ele pode colaborar para a transformação social da realidade dos paroquianos em situação de vulnerabilidade. Os padres entendem que é um profissional necessário, mas a adesão esbarra no âmbito financeiro. Eles sabem que tem custo. A Caritas estuda uma forma de fazer com que o profissional seja inserido nas comunidades. Vem pensando estratégias de como ampliar no Setor 4 - um assistente social apenas é pouco, já percebemos - e nas demais paróquias”, ressalta Érica.
Conforme Érica, a proposta nasceu de uma reunião com os padres Joel Nalepa – coordenador da Ação Evangelizadora - e Mário Dwulatka – ecônomo da Diocese – sobre a dificuldade enfrentada pela Pastoral da Criança e por paróquias devido a falta do profissional. A inexistência desse atendimento dificultou muito o trabalho da Caritas, no final de 2021 e início de 2022, quando houve a doação de mil cestas básicas à Diocese de Ponta Grossa e a sua distribuição exigia o cadastramento das famílias beneficiadas. No Setor 4, o salário da profissional é rateado mensalmente pelas paróquias. Foram adquiridos carro, computador e celular. O computador e o celular, comprados graças a um saldo que havia do Fundo Diocesano de Solidariedade e o carro foi conseguido com dinheiro da Mitra, emprestado às paróquias. “Tivemos esse apoio financeiro da Mitra no início desse projeto”, destaca a assistente social.